Fobias: você tem medo do quê?

Posted Por: Só na Zueira in 0

Há pessoas que, sob hipótese alguma, viajam de avião pelo pavor de um acidente aéreo ou aqueles que preferem subir dez andares de escada para evitar andar de elevador. Ou aquelas que não sobem em uma montanha russa nem que a vaca tussa. (Eu)

Provavelmente você já ouviu falar ou conhece pessoas que sofrem com esses "medos exagerados".

Mas afinal, fobia é uma doença? Quais são as mais comuns? E as mais bizarras?


1 - Fobia é doença? Sim. A fobia é um transtorno de ansiedade (assim como síndrome do pânico e hipocondria, por exemplo). Ela se diferencia do medo comum, sentimento natural de humanos e animais, que visa à preservação da vida. O medo de viajar de avião só se caracteriza como uma fobia se você hesitar comprar uma passagem para Paris, por exemplo, porque não quer voar ou ainda desistir quando chegar na porta da aeronave, sentindo-se tonto, com batimentos acelerados, suando excessivamente entre outras reações típicas dos fóbicos.

A doutora em psicologia Ana Maria Serra, presidente do Instituto de Terapia Cognitiva, explica que a fobia é a superestimação do perigo. "O medo normal é quando o estímulo encerra efetivamente ameaça ou perigo. A fobia é um medo exagerado em situações que não apresentam perigo ou há riscos muito pequenos, como andar de avião ou elevador".

Além disso, a pessoa que sofre de uma fobia se sente muito vulnerável e subestima seus recursos de enfrentamento. "No caso do elevador, por exemplo, o fóbico não consegue pensar que, se o elevador trancar, ele pode se comunicar, buscar ajuda, ou simplesmente esperar sem correr nenhum risco de vida", esclarece. Se você não sente nada disso e continua andando, você não tem fobia de elevador.


2 - Qual a fobia mais comum? O mais comum é encontrar pacientes com fobia de lugares fechados (claustrofobia), aviões (aerofobia), lugares abertos (agorafobia), altura (acrofobia) e animais, como aranhas (aracnofobia).
As fobias estão associadas ao meio em que o indivíduo vive, destaca o doutor em psicologia e coordenador do departamento de psicologia do Hospital Santa Paula, de São Paulo, Luiz Gonzaga Leite. Alguém que mora no campo, por exemplo, dificilmente terá fobia de voar de avião ou de andar de elevador.
3 - Qual a fobia mais rara que se tem registro? Segundo a doutora em psicologia Ana Maria Serra é difícil listar tipos de fobias, pois uma pessoa pode desenvolver esse sentimento extremo a respeito de qualquer coisa. Podem ser casos isolados ou mais subjetivos, como fobia de pessoas feias.
Especialistas entrevistados pelo Terra contam que já trataram pacientes com fobia de palhaços, pena de travesseiros, bichos de pelúcia e até de santos de igreja. Na internet, encontram-se diversas listas que dão nome a fobias bizarras, mas nem todas estão na literatura médica, afirma o doutor em psicologia Luiz Gonzaga Leite.
4 - O Cascão, personagem da Turma da Mônica, é um fóbico? Para o doutor em psicologia Luiz Gonzaga Leite, sim. O medo exagerado que o Cascão tem da água caracteriza hidrofobia. É possível identificar claramente reações típicas dos hidrofóbicos, como a fuga do banho.
Alguns pacientes com esse transtorno podem desenvolver medo da água em situações diferentes. É possível haver desde fuga da hora de tomar banho até dificuldade em beber água, com medo de se afogar, por exemplo. Contudo , segundo Leite, não é uma fobia muito comum.
5 - É possível uma pessoa desenvolver mais de uma fobia? O sujeito que sofre de alguma fobia tem como característica a vulnerabilidade extrema, sensação que pode aparecer em diversas situações, explica a doutora em psicologia Ana Maria Serra.
Portanto, é possível desenvolver mais de uma fobia, sim.
"Se uma pessoa desenvolve um esquema de vulnerabilidade uma vez, ela tende a ser vulnerável em mais de uma situação", afirma a especialista.
6 - Qual o perfil das pessoas que sofrem de fobia? De acordo com o doutor em psicologia Luiz Gonzaga Leite, "são geralmente pessoas na faixa dos 30 anos, muito envolvidas no mercado de trabalho, em um ambiente de competitividade e podem ser homens ou mulheres". Estima-se que 10% da população sofra de alguma fobia.
"São sujeitos com dificuldade de adaptação, e nós vivemos num adaptar-se constante. Muitas pessoas não conseguem lidar com situações novas, seja em casa, no relacionamento ou no trabalho", explica.
7 - Quais as fobias mais estranhas? Você está noiva há 11 anos e agora começou a desconfiar que seu amado possa estar lhe enrolando? Imagina! Ele pode sofrer de aversão extrema ao casamento (gamofobia). Seu filho não quer ir à escola? Talvez seja mais um caso raro de scolionofobia (medo exagerado da escola). Essas classificações estranhas estão entre os mais de 100 tipos de fobias, segundo a autora do livro Everything Psychology Book, Kendra Cherry.
Dentre essas, estão ainda: fobia do número ou da forma 8 (octofobia), de mulheres bonitas (venustrafobia), da feiúra (cacofobia), de relógios (cronomentrofobia), de papel (papirofobia), de computadores ou de trabalhar em computação (cyberfobia), de coisas pequenas (microfobia) e medo da figura do papa (papafobia). Há ainda pessoas que têm medo de cores em geral (cromofobia) e de cores específicas, como preto (melanofobia) ou púrpura (porphyrofobia).
8 - Obrigar uma pessoa que tem fobia de elevador a entrar em um adianta para curá-la? Segundo a doutora em psicologia Ana Maria Serra, esta é uma técnica usada na terapia comportamental, servindo para mostrar que o perigo não é real. Mas, segundo a especialista, a medida tem um caráter agressivo por expor o paciente a uma situação desconfortante. "Nessa técnica, o terapeuta tenta impedir que o paciente fuja, fazendo com que ele encare a situação. Depois que a sua ansiedade atinge o pico máximo, ela tende a baixar e, assim, no momento em que a pessoa perceber que o risco não é real, se formaria uma nova associação. Mas nem sempre dá certo", afirma.
Para Ana Maria, a psicoterapia é tratamento mais indicado para detectar a origem da fobia e desfazer o que a terapia cognitiva chama de "esquema de vulnerabilidade", que são estruturas inconscientes formadas pela pessoa a partir da sua interação com a realidade. Normalmente o tratamento é associado a remédios que podem ajudar no alívio da ansiedade. Segundo o doutor em psicologia Luiz Gonzaga Leite, os medicamentos mais usados costumam ser ansiolíticos (tranquilizantes), hipnóticos (medicação para dormir) e, às vezes, antidepressivos.
9 - Medo de cobra é genético? Qual a causa das fobias? Uma fobia pode se originar a partir de uma situação traumática vivida pela pessoa (como por exemplo, ter fobia de carro após sofrer um acidente) ou mesmo por aprendizagem, quando uma criança passa a ter medo de algo a partir da observação de um adulto.
"A criança no processo de aprendizagem pode receber um medo sentido pelos pais como algo muito assustador. Não é dela, é do pai, mas acaba sendo incorporado por ela e se transforma numa fobia", explica o doutor em psicologia Luiz Gonzaga Leite. Segundo ele, há ainda teorias que atribuem causas genéticas às fobias.
Foi o psiquiatra Carl Jung quem dizia que as fobias teriam componentes genéticos, o que explicaria, por exemplo, uma pessoa sentir medo de um bicho que nunca viu. "É muito comum no caso de fobia de cobras. É um exemplo forte pois há uma ideia bastante generalizada sobre esse medo que pode estar no nosso DNA", aponta.
10 - Animais têm fobias?    De acordo com o zoólogo Mario de Vivo, curador de mamíferos do Museu da Universidade de São Paulo (USP), na natureza, os medos dos animais têm ameaças reais, o que não caracterizaria uma fobia. Um animal que se encontra numa situação de perigo vai recuar se perceber que não tem condições de se safar - como um leão frente a um grupo muito grande de hienas. Se ele não conseguir fugir, vai "pro tudo ou nada", observa o professor.
Contudo, entre os bichos domesticados, é possível encontrar alguns que desenvolvem medos generalizados a partir de uma experiência traumática, como por exemplo, animais que apanham. "Você pode bater uma vez no seu cachorro e, depois disso, ele passar a evitar você ou mesmo outros estranhos, assumindo uma postura mais submissa. É mais comum encontrar bichos medrosos quando domesticados", diz De Vivo.

Fonte:acidezmental
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...